O PASSE

“Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.”

Mateus: 8:17

“Meu amigo, o passe é transfusão de energias físio-psíquicas, operação de boa vontade, dentro da qual o companheiro do bem cede de si mesmo em teu benefício.

Se a moléstia, a tristeza e a amargura são remanescentes de nossas imperfeições, enganos e excessos, importa considerar que, no serviço do passe, as tuas melhoras resultam da troca de elementos vivos e atuantes.

Trazes detritos e aflições e alguém te confere recursos novos e bálsamos reconfortantes.

No clima da prova e da angústia, és portador da necessidade e do sofrimento.

Na esfera da prece e do amor, um amigo se converte no instrumento da Infinita Bondade, para que recebas remédio e assistência.

Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas de criaturas que te não compreendem, foge ao desânimo destrutivo e enche-te de simpatia e entendimento para com todos os que te cercam.

O mal é sempre a ignorância e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se desfaça, em favor da nossa própria tranqüilidade.

Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em, substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o cérebro.

Ninguém deita alimento indispensável em vaso impuro. Não abuses, sobretudo, daqueles que te auxiliam. Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado, tão-só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos.

O passe exprime também gasto de forças e não deves provocar o dispêndio de energias do Alto, com infantilidades e ninharias.

Se necessitas de semelhante intervenção, recolhe-te à boa vontade, centraliza a sua expectativa nas fontes do suprimento divino, humilha-te conservando a receptividade edificante, inflama o teu coração na confiança positiva e, recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica o teu caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por nós todos, porque, de conformidade com as letras sagradas, “ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”.

De Graça Recebestes, De Graça Dai

“. . . e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão – Marcos, 16:18. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios… Mateus, 10:8. E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus. Lucas, 10:9. …pois, digno é o obreiro do seu salário – Lucas, 10:7.”

Margeando o grande círculo de dores, de angústias e de aflições que purificam a humanidade, encontramos, quase sempre, onde já está vicejando a seara do Divino Mestre, os anônimos e abnegados obreiros passistas, na faina ingente para socorrer os irmãos necessitados. Servos humildes do Senhor, praticando o bem pela caridade aos semelhantes, não cogitam das condições atmosféricas, não medem sacrifícios e dão muitas vezes, aquilo que mais falta lhes faz na presente experiência terrena – a saúde. Dão tudo sem nada pedirem. São os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo “que porão as mãos sobre os enfermos e os curarão”, como cita o evangelista Marcos.

O médium curador o é também doutrinador, como se deduz do versículo de Lucas 10: 9, onde o Mestre recomendava pregar, e, depois de ter curado os doentes que na casa houvesse, dissesse-lhes: “É chegado a vós o reino de Deus”. Pois, sem esta doutrinação, a cura seria momentânea, de efeito efêmero.

O doente curado e não doutrinado, tão logo sinta-se restabelecido, esquece o sofrimento por que passou, retoma aos erros anteriores e atrai novamente a mesma enfermidade e, às vezes ainda, mais agravada. O doente não doutrinado nos ensinos de nosso Senhor Jesus Cristo, recebe a cura como se ela viesse puramente das mãos de um médico qualquer que, tendo-lhe pago o trabalho, nenhuma obrigação mais lhe resta. O salário que Jesus cobra está no pagamento das nossas dívidas morais, na reconquista do nosso próprio espírito faltoso perante Deus, nosso Pai Celestial, onde provém a nossa elevação para os planos divinos.

Eis porque o médium curador está na obrigação de não cingir-se apenas a dar os seus bons fluidos, mas também doutrinar a si mesmo, pelo estudo, meditação e na prática da caridade, com a fé em Deus.

Havendo sempre o joio no meio do trigo, vamos encontrá-lo proliferando nefastamente na alma das aves de rapina, mercenários sem escrúpulos, que, mais são abutres impiedosos, devorando as migalhas santificantes, do que se fazer de bom samaritano, do Evangelho. Jesus Cristo, em diversas passagens do Evangelho, nos adverte contra eles: “Casas caiadas de branco,” “lobo com peles de ovelhas”, “ladrão e salteadores que entram pela janela”, explorando a simplicidade dos humildes necessitados.

Exploradores em benefício próprio, da boa fé alheia, os há em toda parte, sempre em nome de nosso Senhor Jesus Cristo! Usufruindo de um dom que lhes veio de graça! Pobres amigos, grandes penas os esperam.

Todo médium que emprega a sua mediunidade, seja ela qual for, na prática remunerada, que não seja unicamente pelo desejo de servir sem esperar recompensa de qualquer espécie, seja dos homens ou de Deus, está incurso nos Evangelhos: “Quem semeia, somos nós, mas quem colhe é Deus Pai, Todo-poderoso”. Entretanto, digno é o obreiro do seu salário. E todos receberão o seu galardão de acordo com as suas obras.

Porém, o Maligno não dorme e onde estiverem semeando trigo, esperem a visita dos inimigos do Bem, “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação.” Ele vai sutilmente se infiltrando, procurando sorrateiramente Os pontos mais vulneráveis do médium, a premência da sua necessidade material, o elogio da grande qualidade mediúnica espicaçando a vaidade, a fingida obsequiosidade muito agradecida de um presentinho modesto, amanhã um punhado de cruzeiros para recompensar o transporte e, tantas vão e vêm que, quando o imprevidente médium se aperceber do erro, já está irremediavelmente enredado nas malhas dos maus espíritos. Desceu muito na profundidade do abismo e agora se acha nas escarpadas infernais; olha para cima arrependido, na esperança de poder regressar às culminâncias de onde veio, e a tristeza angustiosa o invade, porque, a descida foi quase imperceptível, mas, a subida… Como poderia vencer as grotas ínvias e os rochedos traiçoeiros? E a risada rouquenha do Maligno vitorioso, ecoa pelos rincões escuros, como resposta ao infeliz médium torturado, que se debate na solidão das florestas, sem um amigo, sem um socorro, porque não os conquistou na terra.

Mas, ninguém fica órfão; temos um Pai Amigo, e para irdes a Ele, procurai Aquele que diz: Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida,

Médiuns curadores! Lembrai-vos de Judas Iscariótes quando lhe foi dito: “que não te seja pesada a tua bolsa”…

Wenefledo de Toledo

Material Completo em : Livro Passes e Curas Espirituais (Clique para baixar o Livro)